
Iniciamos o mês de setembro, que, há 10 anos, ganhou a cor amarela e uma campanha mundial pela conscientização sobre importância da vida com o foco na prevenção do suicídio. Esse ano o lema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, em uma pesquisa realizada em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios por ano em todo o mundo. No Brasil, cerca de 14 mil pessoas por ano tiram a própria vida, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio já é a quarta maior causa de morte.
Mas, mesmo com um número tão expressivo de casos, o tema ainda é pouco falado e existe uma barreira social para falarmos sobre esse problema.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 90% dos casos de suicídio estavam relacionados a algum transtorno mental, dentre eles a depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias. Também são fatores de risco para o suicídio situações como desemprego, sensações de vergonha, culpa, perdas e solidão.
O ato de tirar a própria vida intencionalmente é um comportamento, em geral, de pessoas que estão ando por grande sofrimento e veem o suicídio como a única alternativa de sair dessa situação que lhes é inável. Também podem fazer parte desse quadro os pensamentos disfuncionais de desvalorização da própria vida, ideação de morte e ideação suicida. O indivíduo apresenta ideias de morte ageiras, pensamentos de que a vida não vale a pena ser vivida ou mesmo de indagações sobre o sentido da vida. É uma situação que requer intervenção imediata justamente para evitar com que tais pensamentos evoluam para o ato em si.
Por muito tempo, falar sobre suicídio era um tabu. Pensava-se que, deixando de abordar o tema, evitávamos incentivar a prática. Mas isso revelou-se um mito, pois deixando de falar sobre o assunto, deixamos de identificar os pensamentos desfuncionais e comportamentos que possam levar ao suicídio e deixamos de oferecer auxílio a pessoas que estão a ponto de tirar a própria vida. Quanto mais a gente fala sobre o assunto, mais a gente traz consciência para ele. Muitas pessoas que cometem o suicídio sofrem caladas por muito tempo, não compartilham os seus sentimentos por medo, por vergonha e, muitas vezes, por não ter com quem conversar.
A morte por suicidio pode ser evitada e o diálogo sobre o assunto é o melhor jeito de fazer isso. Algumas estratégias, como procurar ouvir a pessoa com empatia e sem julgamento, demonstrar preocupação e acolhimento, podem ajudar. Se você ou alguém que você conhece possui pensamentos de desvalorização da vida, peça ajuda. O CVV – Centro de Valorização da Vida – realiza apoio emocional e prevenção ao suicidio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, todos os dias. Ligue 188.
Além disso, é de fundamental importância procurar ajuda profissional, pois esses pensamentos e sentimentos não desaparecem espontaneamente. O processo de psicoterapia pode ajudar muito na reestruturação desses pensamentos, pois o psicólogo possui as ferramentas necessárias para isso. Na terapia você encontra um lugar acolhedor e seguro para poder compartilhar os seus sentimentos e, a partir daí, aprender a lidar com as emoções mais difíceis.