
O ator Chadwick Boseman, o Pantera Negra, morreu na sexta-feira (28), aos 43 anos, e causou uma mistura de surpresa e comoção mundial.
Surpresa porque até pouco tempo ele estava na ativa. ‘Destacamento Blood’, filme dirigido por Spike Lee e com Boseman como protagonista, estreou na Netflix em junho deste ano.
Comoção porque Chadwick Boseman encarnou o Pantera Negra, o primeiro herói negro dos quadrinhos a ser protagonista no cinema. E com isso angariou uma legião imensa de fãs. O filme traz não apenas um herói com quem os afrodescendentes se identificam, mas também dá espaço ao universo feminino. Sua representatividade o levou a uma merecida indicação ao Oscar de melhor filme.
Na última segunda-feira (31), como parte das homenagens ao ator, o filme ‘Pantera Negra’ ou pela primeira vez na TV aberta.
As reverências a Chadwick Boseman não pararam. Nem deveriam. A cidade de Anderson (Carolina do Sul), onde o ator nasceu, em 29 de novembro de 1976 (o site IMDb chegou a grafar 1977 até o dia da morte dele), anunciou nesta terça-feira (1) que um memorial para prestigiar o ator será feito às 19 horas desta quinta-feira (3). O evento irá contar com discursos conhecidos de Chadwick. Depois disso, ‘Pantera Negra’ será exibido para todos que estiverem presentes.
Nos dias anteriores, todo o mundo artístico de Holywood prestou homenagens. Uma das mais interessantes foi o resgate de um vídeo em que Boseman agradece ao ator Denzel Washington, que, mesmo sem conhecê-lo, pagou a ele parte dos estudos. Boseman iria para a Universidade de Oxford, Inglaterra, mas não tinha dinheiro suficiente para pagar pelo curso. Denzel Washington ficou sabendo através da atriz Phylicia Rashad, ex-estrela do ‘The Cosby Show’ e professora de atuação de Boseman, e bancou uma parte. A comoção de Denzel ficou evidente. Não é toda pessoa que tem esse nível de gratidão que Chadwick Boseman demonstrou.
Em geral, mortes inesperadas de atores ainda jovens são fruto de acidentes (como Paul Walker, de ‘Velozes e Furiosos’) ou overdoses (Heath Ledger, de ‘O Cavaleiro das Trevas’). Ou, em tempos atuais, de coronavírus (Nick Cordero, de musicais da Broadway). Não foi o caso de Chadwick Boseman. Segundo a mensagem postada em seu perfil no Twitter, o ator sucumbiu a um câncer de cólon, descoberto em 2016. Foram quatro anos de luta. E nada relativo a câncer chegou a ser comentado abertamente nesse período. O próprio Spike Lee disse, no dia 31, não saber de nada durante a produção de ‘Destacamento Blood’. “Filmamos na Tailândia (em março de 2019), estava quente, tinha selva, montanhas, e Chadwick estava sempre com a gente. Nunca nem suspeitei que havia algo errado. Ninguém sabia nada sobre nenhum tratamento”, disse Lee ao ‘Today’.
Assim, fato é que Boseman fez, já doente, os filmes que o consagraram. ‘Capitão América: Guerra Civil’, o primeiro em que ele interpreta o Pantera Negra, é de 2017. A mensagem no Twitter indica que, desde 2016, as filmagens foram feitas em meio a cirurgias e sessões de quimioterapia. Isso chamou atenção porque o papel exige muito fisicamente. Em ‘Pantera Negra’, o ator aparece sem camisa e não há nenhuma cicatriz, nenhum indício de cirurgia.
Será que os produtores dos filmes da Marvel sabiam dos problemas de saúde do ator? Se sim, e mesmo assim o mantiveram no papel, merecem parabéns.
Se não sabiam, Chadwick Boseman provou ser mais heroico que o herói.
Portanto, toda homenagem é pouca.