WhatsApp Image 2024-12-20 at 17.14.16
Pixabay

O final do ano chega e parece que a vida inteira grita pedindo uma organização. O armário está um caos, a cabeça cheia de dramas e a paciência foi velada em setembro. Muito mais do que uma tendência da moda, desapegar virou questão de sobrevivência. Tem muita coisa que precisa ser reciclada, doada e até mesmo banida com bastante estilo e determinação.

Pra quê manter aquela calça que só fecha segurando a respiração e rezando uma novena inteira? E o vestido, lindo no manequim da boutique, mas que na hora de usar parece uma verdadeira fantasia carnavalesca? Se pra vestir uma roupa é necessário fé, coragem e um carro alegórico, sinal de que já deu.

Não são só os tecidos que precisam ganhar novo rumo. Ideias, posicionamentos e discussões sem futuro também! Em 2024, perdi algumas horas explicando o óbvio ou tentando provar um ponto que ninguém se importava em entender. Esses momentos foram a maior prova de que é melhor ter paz do que ter razão. Esse tipo de conversa, decidi deixar no ado, junto com a poeira da casa que se arruma pras festas. Limpo, sacudo e vejo as palavras desnecessárias flutuarem para longe.

Estou longe de ser um espírito evoluído e sigo desapegando de gente que não me faz bem. Gente chata, pessoas tóxicas, que não enxergam um palmo além do próprio umbigo ou que estão sempre cheias de razão. Seres incapazes de calçar as sandálias da humildade por alguns minutos ou de se colocar no lugar do outro? Esses também prefiro deixar no ostracismo.

O mesmo vale pra sentimentos que não cabem mais no baú do coração. Culpa, insegurança, tristeza pelos erros cometidos – intencionais ou não. São pesos mortos que nos acompanham feito mochila velha de escola. Pra 2025, o combo é: tropeços, micos e boas risadas depois. Porque errar faz parte, mas carregar esses erros como se fossem troféus do fracasso não dá.

Desapegar é mais do que uma limpeza. É abrir espaço pra respirar. E, se bobear, até pra dançar com uma calça que não te transforma em presunto embalado a vácuo. Quero leveza. Quero risadas. Quero guardar só o que vale a pena – roupas, conversas, gente e sentimentos que fazem bem.

Porque o ano novo não precisa ser perfeito, mas pelo menos tem que caber. E, de preferência, com folga.

Desapego não é terapia, é autocuidado.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e está em processo de faxina geral em dezembro.