Em artigo publicado algum tempo antes, uma estudante de doutorado proveniente da Turquia, mas realizando seu curso numa universidade perto de Boston, havia manifestado apoio aos palestinos na guerra de Israel em Gaza. Embora não defendendo o Hamas, e sim o povo palestino, autoridades de imigração deste país onde estuda detiveram-na em praça pública e revogaram seu visto.

Algemada e levada pelas autoridades imigratórias, como se este ato reafirmasse a grandeza de um projeto estapafúrdio de retomada do ado, e não um simples autoritarismo fascista  que tem detido vários estudantes estrangeiros que estão legalmente nos EUA e se envolveram em protestos pró-palestinos, cada vez mais estas ações estão sendo condenadas como um ataque à liberdade de expressão, pois o atual governo considera que estes protestos destroem a política externa do país. Certamente os próprios estudantes não sabiam que tinham tanto poder.

Felizmente o Poder Judiciário sustou esta medida, em que pese que isso é temporário, e que a

crise autoritária esteja aumentando o tom e já se fale até em destituir do poder judiciário juízes que forem contra o poder absoluto do tirano.

O atual governo norte-americano aceita e pratica uma forma desonesta e covarde de avaliar o Estado de Israel, que é uma nação, com governo, território e leis; como qualquer nação pode acertar e errar em suas políticas internas e cabe aos seus cidadãos julgar erros e acertos, dado que é uma democracia e, portanto, os israelenses manifestarão concordância ou discordância aos seus governantes em eleições, que são tão livres quanto as melhores do mundo, quando ocorrem. Em resposta a um ataque criminoso e bárbaro sofrido por parte do movimento palestino Hamas, Israel revidou com violência desmedida, porém esperada pelos agressores que fizeram e fazem disso uma bandeira de luta.

A complexidade do conflito se agrava muito pela existência de centenas de pessoas, a maioria cidadãos israelenses, mantidas reféns pelo Hamas, e pela situação político-policial do líder israelense que precisa do estado de guerra para não ser julgado por outros crimes, defenestrado do poder e provavelmente preso. Todas as tentativas de paz foram sabotadas por esses interesses e pela obstinação de líderes palestinos.

É muito comum que qualquer crítica ao país Israel seja imediatamente rotulada de antissemita, como se fosse referida aos judeus de Israel e do mundo todo. Os crimes de guerra de Netanyahu e de seu governo são crimes de políticos, não podem ser debitados ao povo judeu.   

O que parece prevalecer atualmente é uma pequena confusão entre o que é ser conservador ou então exercer arbítrio com total desconhecimento dos princípios gerais dos direitos, e até dos Direitos Humanos.

Incrível assistir imivelmente à derrocada da Democracia, que vai perdendo seus sustentáculos, ou seja, a lei e a Constituição, que am a ser confrontadas com a hostilidade pública de pessoas convencidas, pelo o apenas a informações vindas por canais alternativos e totalmente sectários, de que estes comportamentos são adequados para nos fazerem voltar ao ado idílico onde todos somos felizes.

Vemos hoje um movimento internacional de políticas regressivas que beneficiam aos mais ricos, porém seduzem prioritariamente aos mais pobres, que existindo em maior número, permitem o surgimento das ditaduras de aparência moderna, onde eleições confirmam a ostensiva maioria de votos ao dirigente eterno, e o poder judiciário como um mero coadjuvante.

Convencer grande parte do eleitorado que esta é a forma correta de conduzir um país, podendo até, se necessário, interferir na autoridade judiciária de outro país, com um presidente podendo tentar intervir no Supremo Tribunal Federal de uma outra nação para defender a falta de controle absoluta das grandes empresas de mídia que, originárias de um país atuam no outro, como se nada as obrigasse a cumprir leis que não sejam as suas próprias.

Com isso concorda parte do eleitorado de ambos os países, por mais absurdo que pareça. E acrescente-se a isso a “monetarização” da política externa de um país, que pode trocar descaradamente seu apoio numa guerra pelo recebimento de territórios ou terras raras do país auxiliado, promovendo tratados em que o princípio válido é o benefício do mais forte.

Maciças demissões no funcionalismo que propiciam o crescimento do lucro, desmanchando organizações que cuidavam de desassistidos em países vulneráveis, espoliação de países que até ontem eram grandes aliados, propostas indecorosas de anexações de territórios independentes.

Péssimos exemplos aos jovens em fase de formação, em que crer num futuro melhor estimula empenho aos estudos.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.